domingo, 6 de novembro de 2011

Ironia da vida


  Tornando assim da vida uma pura anedota, não ? É que a ironia já é tanta que não pode ser verdade ? Ou pode ? Pronto, afinal é mesmo verdade ! É verdade que prometemos guardar todos os momentos, prometemos que as pessoas serão para sempre (não nego que algumas são mesmo) e que jamais as esqueceremos mas, no final das coisas, nem sempre é isso que acontece !
  Muitas das vezes, a distância separa esses corpos que combinaram estar sempre unidos e, um dia, encontram-se na rua e têm aquele diálogo a que classifico por muito monótono: "Olá, estás boa ? Sim, comigo também está tudo bem. Bem, vou andando, adeus, gostei de te ver". E depois, o resto do caminho reflectem e lembram-se "Prometemos o "sempre" uma à outra e nunca mais falámos ! Fogo, os momentos que nós passámos foram tão intensos ! Já nem me lembrava que tínhamos sido assim tão íntimas", e, depois deste processo de reflexão, o ciclo retoma-se e voltam a esquecer o que outrora prometeram sempre recordar.
  Mas claro, a vida não seria irónica se não houvesse a outra parte da história, a parte de "queremos esquecer mas lembramo-nos", é bem real, isto acontece ! Desejamos com todas as forças esquecer algo, uma pessoa ou um momento, rasgar do coração e da mente as recordações ainda guardadas, apagar da memória tudo aquilo que nos retome e que envolve tal pessoa, tal momento (...) Mas, por mais forças que tenhamos, lembramo-nos sempre ! Torna-se inevitável não pensar em tal coisa ! Parece que quando menos queremos pensar em algo, mais isso nos vem à cabeça !
  Então, está mais do que óbvio que a vida é mesmo irónica ! E, pelos vistos, as nossas decisões não têm qualquer incidência no que toca ao nosso pensamento .

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Fingidores

  Todos nós desempenhamos o papel de actores neste filme a que chamo de: vida. Todos nós somos fingidores de sentimentos. Desempenhamos aquele papel, demonstramos aquele faceta esperando receber no final a reacção esperada: que acreditem em nós.
  Temos que seguir o guião até ao fim e fingirmos ser quem não somos ! Tornamo-nos em obras feitas e desenhadas pelos criador deste filme ! A fita vai passando e nós continuamos sempre com a mesma postura, sem nunca deixar cair a mascára nem deixar que os enganos dos outros afectem a nossa representação ! É só fazer o que é suposto fazer !
  Apenas temos um objectivo: mostrar aos outros que estamos sempre bem ! Mesmo que estejamos a chorar, dizemos que foi de tanto rir e a sinceridade é posta de parte porque não queremos mostrar o lado mais fraco ! Todos reconhecem a minha personagem como sendo a rapariga simples e que se ri de tudo e de nada (...) mas nem sempre a perspectiva que eu tenho da vida é feita de sorrisos, muito pelo contrário ! Problemas todos temos, e isso é uma verdade, mas, no meu caso, prefiro mostrar que não tenho ou os que tenho não me afectam para não terem "pena" de mim !
  Afinal, parece ser fácil ! Para sairmos vivos desta vida apenas temos de fingir, fingir para começarmos a pensar que o que é mentira se conseguiu tornar verdade, passando assim a vivermos numa pura ilusão.
  No final, recebemos os aplausos e a segurança de que, se os espectadores saíram da sessão com a sensação de que viram a verdade, é porque soubemos actuar como previsto.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Desconhecidos

  Isto aconteceu-nos mas foi porque tu assim o quiseste. Foi tua decisão. Foi a tua escolha. Escolheste o que era de prever. Escolheste o caminho mais fácil. Tornas-te-te num cobarde e fugiste aos problemas. Não conseguiste encarar a realidade por mais dura que esta fosse. Não te importaste sequer. Decidis-te esquecer tudo como se nada te tivesse marcado, como se nada te interessasse. No fundo, tu concordas comigo, mas escondes-te na ausência das palavras.
   Tu, só tu, fazes com que eu sinta uma enorme revolta de mim mesma. E porquê ? Porque depois de tudo o que me fizeste, eu ainda consigo ter saudades tuas. Era impossível que o ódio que sentia por ti se transformasse em saudade. Nada fazia esperar tal coisa.
  Mas agora nada do que eu sinto interessa. Agora somos indivíduos que não dirigem uma sequer palavra e que se evitam completamente. Parece que para "estes" estranhos o "passado a dois" nunca existiu.
  Agora somos uns meros desconhecidos. Mas, honestamente, alguma vez deixou de ser assim ? Quero dizer, alguma vez eu te conheci de verdade ?